Casa de Rui Barbosa inaugura Cátedra Unesco de Políticas Culturais

Nos dias 7 e 8 de dezembro, aconteceu no Rio de Janeiro o lançamento da Cátedra Unesco de Políticas Culturais na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB). A Cátedra pretende ser um centro de referência e polo de estudos no campo da gestão e das políticas culturais, articulando uma ampla rede de pesquisadores neste campo em expansão no país.

A mesa de abertura contou com a Presidente da FCRB, Marta de Senna e a Coordenadora do Setor de Políticas Culturais, Lia Calabre, que apresentou o projeto do novo site (a ser lançado), que será um repositório de textos e outros recursos sobre políticas culturais, servindo de centro de referência aos pesquisadores da área.

Carlos Yañes atua no curso de Gestão Cultural e
Comunicativa e na Especialização em
Gestão Cultural, na UNAL, sede Manizales.
A programação seguiu com a conferência do Prof. Carlos Yañes, que versou sobre os limites das políticas culturais na América Latina, tendo como referência um conceito de cultura em permanente transformação, quase sempre impregnado de uma visão elitista, que tende a suprimir as vozes de mulheres, negros, indígenas e outros seres "marginais". Na origem dos estados nacionais, a cultura opera um importante papel, não totalmente bem sucedido, no sentido de unificar suas populações, através da língua europeia culta, porém essas populações não se vêem representadas nas obras culturais, ou se encontram distorcidas suas imagens.

Tendo em conta esse histórico, fazer gestão cultural em nosso continente exigiria uma consciência crítica sobre de que cultura se trata, a quem se destina e desde onde se pensa e pratica. Não se pode tomar como dado o conceito de cultura, desde sempre problemático, para o qual contribuem distintas visões (academicismo, culturalismo, instrumentalismo, ativismo, pragmatismo, etc.) e disciplinas (antropologia, sociologia, filosofia, etc.). Propõe uma gestão cultural como práxis reflexiva e sensível, baseada em valores como um anti-essencialismo; a não-neutralidade; uma objetividade que é sempre parcial; a busca da autonomia ou independência; a teoria que se elabora a partir da práxis e a impossibilidade de separar práxis, teoria e pesquisa.
Mesa 3 discutiu "Experiências em processos formativos em
Gestão e em Políticas Culturais", no segundo dia do evento.

As demais atividades do Seminário trataram dos temas "Perspectivas contemporâneas da pesquisa", "Experiências em Processos Formativos", "Redes e Observatórios de Pesquisas" e sobre a experiência das outras cátedras da Unesco no Brasil, além de uma conferência com o Prof. Hugo Achugar (Uruguai), que tratou do uso e impactos das tecnologias digitais nas políticas culturais. Todos os conteúdos do Seminário, gravados em vídeo, estão disponíveis na íntegra, nessa playlist, do canal da FCRB no Youtube.

Intercena tem lançamento em Porto Alegre

Evento de lançamento foi no Teatro do Centro Histórico-Cultural Santa Casa
No último dia 4 de dezembro, em Porto Alegre, aconteceu o lançamento do Projeto Intercena. Sob a direção de Alexandre Vargas, o Intercena é voltado à qualificação e à promoção das Artes Cênicas produzidas no Rio Grande do Sul e tem patrocínio da Braskem, através do Pró-Cultura RS.

O Intercena pretende oferecer capacitação para os grupos, com vistas ao mercado externo; realizar um Seminário Internacional de Festivais e rodadas de negócios com curadores e programadores de festivais nacionais e internacionais; e oferecer apoio para para a mobilidade e intercâmbio dos artistas e espetáculos.

Na abertura, o diretor de Relações Institucionais da Braskem no RS, João Ruy Freire, afirmou que o apoio ao projeto teve como maior motivação proporcionar qualificação artística, técnica e de gestão para o teatro brasileiro, seus artistas, diretores e demais profissionais que atuam na área. A empresa é patrocinadora do Festival Porto Alegre em Cena há 12 anos.

O Prof. Marcelo Milan, do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFRGS, foi o primeiro painelista a falar, apresentando a estrutura (com mais de 30 pesquisadores), funcionamento e um resumo das atividades do Núcleo de Estudos de Economia Criativa e da Cultura (Neccult), com 12 em andamento e outras seis já finalizadas (disponíveis no site).

A seguir, o Prof. Elder Patrick Maia Alves, da Universidade Federal de Alagoas, apresentou e comentou dados recentes de pesquisas sobre consumo cultural no Brasil, destacando a tendência de crescimento do público de espetáculos teatrais e o uso cada vez maior dos celulares para acesso aos conteúdos culturais, via Internet.

Representando o Observatório dos Festivais, o diretor teatral e Sociólogo Marcelo Bones, abordou os principais gargalos para a circulação nacional e internacional de espetáculos das artes cênicas, e a importância de propiciar encontros entre artistas, produtores e programadores de festivais e de salas de teatro.

As incrições para atividades de capacitação do Intercena já estão abertas, no site do projeto.

Economia das Artes Cênicas e um mapeamento da dança no Brasil


No mês passado, aconteceu em Porto Alegre a segunda edição da mostra Gestos Contemporâneos, dedicada à produção local de dança contemporânea, realização do Sesc-RS com o Theatro São Pedro.
Além de espetáculos de dança, a  programação incluiu palestra do Professor Márcio Pizarro Noronha, intitulada “Economia das Artes Cênicas: Abordagens diagnósticas setoriais e novos modelos de análise econômica e de finanças e políticas de fomento e financiamento”, que aconteceu no dia 22/11, na Sala de Oficinas  do Multipalco.

Marcio Noronha, que reside atualmente em Porto Alegre (RS), onde é docente no curso de Licenciatura em Dança da UFRGS, participou da equipe responsável pelo projeto de pesquisa Mapeamento da Dança, realizado em 8 capitais das 5 regiões do País, sob coordenação da Funarte e UFBA, cujos resultados estão publicados aqui. Na palestra, além de comentar resultados dessa pesquisa, abordou os temas do papel do Estado no apoio às artes, especialmente nos aspectos do financiamento, memória, criação de redes e conservação dos espaços; a necessidade e as possibilidades de os setores artísticos alcançarem algum grau de sustentabilidade econômica; e a necessidade de avaliar de forma permanente a recepção das artes pelo público.

Sétima edição do Seminário de Observatórios na Unisinos

Painel do dia 30/10 teve mediação do Observatório da Cultura
(Foto Lucas Schardong - IHU)
Nos últimos dias de outubro, o Observatório da Cultura esteve presente em mais uma edição do Seminário dos Observatórios da Região Metropolitana, promovido pela Rede de Observatórios, sob a coordenação do Observatório das realidades e políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos. Com o título de Pesquisas, Instituições e Sociedade nas Tramas da Crise, o evento aconteceu na nova sede da Unisinos, em Porto Alegre.

O evento teve início, na tarde do dia 30, com uma Roda de Conversa com a participação de 14 instituições dedicadas à pesquisa em áreas tão diversas como a saúde, o meio ambiente, os direitos humanos, a segurança alimentar, a segurança pública, entre outras.

À noite, aconteceu o painel intitulado “A Sociedade nas tramas das crises contemporâneas”, com a participação do Prof. Dr. Carlos Paiva, da Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS), do Bel. Cezar Miola, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e do Prof. Dr. Paulo Roberto Rodrigues Soares, do Observatório das Metrópoles.

O segundo dia contou com a apresentação dos nove trabalhos selecionados pela comissão curadora (da qual participamos). Na parte da tarde, dois painéis dedicados aos "Observatórios e suas Relações com Pesquisas, Instituições e Sociedade". O primeiro deles contou com a participação de Fábio Cunha, presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos (SATED-RS), que testemunhou a importância do nosso trabalho em prol da luta por recursos para a Cultura. Exemplo disso foi o levantamento dos dados orçamentários dos fundos Fumproarte e Funcultura, publicados neste blog, que tem servido para fundamentar o debate na sociedade e junto ao Legislativo Municipal, visando restabelecer os patamares mínimos para estes fundos, estipulados em Lei.

Na parte final do evento, dedicada à sistematização e encaminhamentos, as entidades presentes decidiram redigir um "Manifesto em defesa da pesquisa, da informação e das estatísticas públicas", em apoio à FEE-RS, que se encontra em processo de extinção pelo Governo do Estado.