Perfil do público de Porto Alegre (V): renda familiar

Influência da renda para ser frequentador assíduo é menor para bailes


No cruzamento dos dados referentes à renda familiar e à frequência à atividades artísticas, verificou-se, em geral, a esperada desigualdade entre as quatro distintas faixas de renda adotadas. As desigualdades são menores na frequência a bailes, em que mesmo assim o percentual de frequentadores assíduos da faixa de maior renda (42,4%) supera em muito o da menor (26,2%). Cinemas e shows de música apresentam cenários de desigualdade entre as diferentes faixas de renda, porém não tão pronunciados como nas demais atividades. Os percentuais de frequentadores assíduos em cada faixa de renda são semelhantes para essas duas atividades, sendo cerca de três vezes maior na classe mais alta (52,9% para ambas atividades) do que na mais baixa (17,4% para o cinema, 14,9% para shows). Chama a atenção, na maioria das atividades, que a esperada tendência de aumento do percentual de frequentadores assíduos proporcional ao aumento da renda, observada da primeira faixa para a segunda e desta para a terceira, sofre uma queda na última faixa. Ou seja, o percentual de frequentadores assíduos é maior entre os que têm renda de 4 a 10 SM do que entre os que recebem mais de 10 SM. Tal fenômeno só não ocorre para shows de música, teatro e exposições de fotos, nas quais os percentuais de frequentadores assíduos aumentam de forma contínua, conforme cresce a renda.

Mais de 70% da população com renda até 2 SM nunca frequentou concerto, balé ou exposições


A exclusão também apresenta diferenças significativas entre as quatro faixas de renda para todas as atividades. Mesmo na atividade em que a exclusão em geral é menor, o cinema (2,9%), 10,8% dos que possuem renda familiar até 2 SM nunca o frequentaram, enquanto entre os que recebem mais de 10 SM esta taxa é de apenas 1,5%. Para espetáculos musicais, repete-se o fenômeno (13,3% entre os de menor renda, contra 2,3% entre os de maior), assim como para bailes (13,8%, contra média de 2,3%). As atividades com os mais altos índices de exclusão em geral - concertos e espetáculos de dança - apresentam distribuição semelhante entre si, quanto às faixas de renda, com percentuais elevados de exclusão mesmo na faixa de maior renda (42,4% para concertos, 37,1% para dança), e ultrapassando os 70% na menor. Esta última cifra é semelhante para exposições de arte ou fotografia, porém nestas atividades a exclusão é bem menor nas classes mais favorecidas, pouco mais de 20%. Os números para o teatro são um pouco mais animadores, pois embora os percentuais de excluídos sejam maiores do que para bailes, cinema e música, são inferiores aos de exposições, dança e concertos, para todas as faixas de renda.

A pesquisa Usos do Tempo Livre e Práticas Culturais entrevistou, entre novembro e dezembro de 2014, 1.220 porto-alegrenses de ambos os sexos, com idade a partir de 14 anos. As entrevistas foram feitas a domicílio, sendo a amostra estratificada segundo idade, sexo e residência nas 17 regiões da cidade. A margem de erro calculada é de 2,8% para mais ou para menos. Os dados da pesquisa estão disponíveis aqui.

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